segunda-feira, outubro 31, 2005

Espreitador

Quero agora um poema
Que espera na janela
Que observa com cautela
Sobrevive no dilema

A poesia pouco lisa
Com somente um olho aberto
Procurando estar certo
Do local onde se pisa

Um poema papagaio
No sentido do cuidado
Do andar bem delicado
Do ator em um ensaio

Um poema que não deita
Que se esconde como a flor
Um poema espreitador
Um poema que espreita...

segunda-feira, outubro 10, 2005

Pactos sem espada

Um humilde agricutor
Indo pra cidade grande
Procurando alguém que mande
Um letrado, um doutor

Foi por todos os lugares
Calejando mais os pés
Foi à feira, aos cabarés
À livraria e a 3 bares

Elevou seu cabedal
Quando um totalitário
Foi chamar de salafrário
Um coitado liberal

Para fazer boas lavras
É com chicote e enxada!
E os pactos sem espada?
Ah! Não passam de palavras...

Será que ela consegue?

Depois de tanto tempo
De pedras e geleiras
No qual de mim saía
Apenas suor, sangue e pus

Depois de tantas guerras
De vitórias e empates
De olhares duros, mortos
De pancadas e rancores

Depois de tantos fatos
Em que tudo é documento
Onde o coração se torna
Mero músculo cardíaco

Depois de tanta vida
Sem flores no jardim
Sem qualquer sentimento
Sem feijõezinhos no algodão

Depois de tanto nada
Dessa ausência de mim mesmo
Dessa falta de carinho
Desse vácuo incontido

Depois de tanto tempo
Sinto que a maldita japonesa
Vai conseguir tirar
Uma lágrima dessas pedras...

segunda-feira, outubro 03, 2005

À Liliane

Eu aqui tomo coragem
Nesse blog tão singelo
De matar o meu anelo
Bem à laia de homenagem

Pense no riso contido
Desse tal poeta frio
Quando leu um elogio
De alguém desconhecido

Só um nome: Liliane
Só um nome e nada mais
Mesmo assim que foi capaz
De fazer que eu me ufane

Me ufano da poesia
Inconstante e diferente
Que fala também de gente
De tristeza e de alegria

De cada poema mudo
Que eu posto nesse blog
Que ora come hotdog
E ora come um X-Tudo

E concluo, bem otário,
Conclamando ao leitor
Que me leu e me gostou
A deixar um comentário

Meia sapatilha e meia meia

É a figura da minha incompetência
O rostinho de menina de mangá
Uma bonequinha japonesa de porcelana e
Os cigarros em seus lábios acesos
Os óculos tão grandes e brilhantes
Os olhos tão miúdos e brilhantes

É a figura da minha incompetência
Por isso marcada em minha memória
É o chiclets velho bem grudado
Não sai, não sei, não quer
E aquela boca doce dizendo não
Sua voz é tudo que eu tenho

A fumaça dos cigarros nos pulmões
Seu rosto como um quadro clássico
Inesquecível, inesperado, inusitado, forte impacto, só
Será que só chamou minha atenção?
É o que espero, digo sinceramente
Pois os meus gostos são estranhos

A história que esqueci de inventar
As verdades que esqueci de dizer
Uma forma diferente de abordar a
Japonesa dos meus sonhos, meus desejos
Tudo isso por causa do momento
Que vivo atualmente de saudade solidão

Eu preciso de uma amiga verdadeira
A caneta velha não me basta
Essas folhas amarelas de árvores papéis
Tudo inútil! Tudo fraco como eu
Eterna ausência de algo que não
Sei o que é de fato

Aquele rostinho de menina de mangá
Aquele aspecto de boneca de porcelana
Aquela boca acesa com cigarros acesos
Aquele não, aquela mentira que esqueci
Aquela verdade que esqueci, a japonesa
É a figura da minha incompetência...