segunda-feira, dezembro 03, 2007

O próprio sangue que condena

Beijou o marido e sentiu na boca
Um resíduo muito estranho na saliva
Analisando na papila gustativa
O efêmero prazer de outra louca

Gritos. "A outra vez inda foi pouca?"
E o amargo que saía da gengiva
Era a marca de uma língua mais lasciva
Penetrada em sua cavidade oca

A mulher, na menopausa, aborrecida
Deixou que ele partisse, muito sério,
Até morrer no cruzamento da avenida

E antes de o enterrar no cemitério
Viu no sangue que escorria da ferida:
Hemácia, hemoglobina e adultério...

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