Eis que se viu na infeliz placenta
Um feto, um pedaço de gengibre
Cujo crânio superava o calibre
Da fenda vaginal da macilenta
Talvez no choque do osso com o osso
Voltasse para dentro da mãe tísica
E até zombando das tais leis da Física
Fosse expulso no intestino grosso
Mas como todo pobre metediço
Não deu ouvido a qualquer queixume
E reduzindo seu cruel volume
Passou estreito e se tornou maciço
Num forte espasmo, eis que entrou no mundo
Aquele platelminto meio humano
Que enxugado num humilde pano
Foi decretado como moribundo
Era o resumo do feio e do horrendo
E besutando na escória cálida
Louco soltou-se do umbigo da esquáilida
Contra o destino, foi sobrevivendo
Destarte, começa o destampatório
E se indaga se a aberração
Merece ter direito a vida ou não...
E o que é da mãe no pós-operatório?
Então, dá-se início ao escrutínio
O cume e a glória da democracia
Todos os votos contra a covardia
Exceto um, a favor do assassínio
A criatura cresce, entra na infância
Naturalmente lhe nasceu um buço
Que lhe tornou até mais inconcusso
Na senda da feiúra e da ganância
A criançada toda o insulta
Entre troças, moteos, caçoadas
Chacotas, desfrutes e surriadas
Chega o monstrinho à idade adulta
Coitado afunda-se nas estultícias
Natuais, mas no caso excessiva
Como houvesse algum demo que motiva
A busca libertina por patrícias
No entanto, nenhuma das desejadas
Mostrava-lhe um pouco de luxúria
Até que ele confessou com fúria:
"Eu não sei cortejar nas patuscadas!"
O modo que achou em sua gaveta
Empós a tão plangente confissão:
Procurar na patota um bom ladrão
Pra servir de amigo e proxeneta
As moçoilas não se submetiam
À libido insaciável do ser
Que só tinha na mente o prazer
E nada mais os neurônios viam...
Não se abateu ante ao insucesso
Decidiu visitar um alcoice
Envergonhado, o diferente foi-se
Com seus passinhos de um réu confesso
Não esperava que em seu porvir
Quando ele chamou uma rameira
Pra trabalhar com sua parceira
Sexual, tivesse de ouvir:
"Não pecúnia no mundo que pague
Esse nojo de dividir a cama
Como esse infeliz que a mim me chama...
Antes prefiro a morte e o azorrague!"
E fez convicto a derradeira escolha
Tomando em suas mãos o escalpelo
Rompeu a artéria com tamanho zelo
Que feneceu suave com a folha...
domingo, junho 19, 2005
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2 comentários:
excelente! uma pérola!
agora..me diz uma coisa:
Que pretendes com esta nova
maneira de comentário?
Queres me dar uma sova
de improviso literário?
Sei que não. Tu não és disso
Não respiras por lisonjas
E nem, como as esponjas,
Guardas mágoas do serviço
Queres mesmo, certamente
Demonstrar o teu talento
Que é rápido como o vento
Do fazedor de repente
ei má, aconteceu alguma coisa com o teu MSN? Semana passada, tua conta estava online e eu fui falar contigo. Quem respondeu foi um indivíduo dizendo ser hacker. Disse que tinha invadido o teu PC e que invadiria o meu também. Procede? Sabe o que houve de fato?
Sukhoi
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