Na memória, eu tenho seu rostinho
Seus dentes, seus cabelos cacheados
Lembrando dos abraços apertados
Das suas mãos pequenas, seu carinho...
Minha família toda num só ninho
Que era aquela cama pra casados
E nos fins-de-semana e feriados
Ela era a alegria do cantinho
Eu morro de saudades da sobrinha
Que vinha me acordar de manhã cedo
Com um jeito que apenas ela tinha
E quando segurava no meu dedo
Virava a princesa e a rainha
E eu virava apenas o Tio Pêdo
sábado, maio 21, 2005
Palavras de um medroso
Boa noite, dona Lica
Como vai a sua graça?
Decerto a vida passa
E mais bela você fica
Lembra de um fidalgote
Que a ti te cortejava?
Foi ali te vendo brava
E usando do chicote
Que fiquei enamorado
Por você, minha donzela
E no altar da capela
Eu só subo ao teu lado
Você é a moça forte
Uma fruta, um legume
Toda força se resume
Na grandeza do teu porte
Não mantenho em segredo
O amor que te dedico
Quero bicar o teu bico
Mas confesso: tenho medo
A tua rusticidade
E minha caquexia
Não me dão a garantia
De manter a integridade
Os casais atualmente
Chegam a vias de fato
E pancadas não são trato
Que meu corpo agüente
Não caio no teu abismo
Posso até ser um inepto
Mas não sou nenhum adepto
Do tal sadomasoquismo
Como vai a sua graça?
Decerto a vida passa
E mais bela você fica
Lembra de um fidalgote
Que a ti te cortejava?
Foi ali te vendo brava
E usando do chicote
Que fiquei enamorado
Por você, minha donzela
E no altar da capela
Eu só subo ao teu lado
Você é a moça forte
Uma fruta, um legume
Toda força se resume
Na grandeza do teu porte
Não mantenho em segredo
O amor que te dedico
Quero bicar o teu bico
Mas confesso: tenho medo
A tua rusticidade
E minha caquexia
Não me dão a garantia
De manter a integridade
Os casais atualmente
Chegam a vias de fato
E pancadas não são trato
Que meu corpo agüente
Não caio no teu abismo
Posso até ser um inepto
Mas não sou nenhum adepto
Do tal sadomasoquismo
O aniversário de Pedrinho
Pedrinho estava completando cinco anos de alegra e inocente existência. A família reunida na mesa para o desjejum recordava os momentos de intensa emoção vividos desde a vinda do tão esperado menino. De fato, o casal Paula e Roberto tinham gerado anteriormente duas meninas que naquela data eram já moças bonitas e simpáticas. Depois de pão, leite, café, geleia e frutas; os cinco iniciaram a viagem, Seu Roberto no volante, rumo ao interior do estado, rumo à casa da Vovó Augusta.
Na chegada, abraços, arroz e capote. Dona Paula tomou do aniversariante, deitou com ele na rede e ali dormiu tranqüila. As moças conversavam. Aqui o céu é mais azul, olha o bezerro mamando, olha a galinha, que galinha esperta... Falavam de Frederica, a galinha de bigodes. O negro que lhe coloria a região acima do bico renderam-lhe a fama e o pseudônimo. E a tarde passou como o vento do sertão.
Quando o preto dos bigodes de Frederica dominou o céu sendo pingados aqui e ali por estrelinhas, a comemoração da data natalícia de Pedrinho teve início. O menino pegou um pouco de pipocas e desatou a pular, comer e brincar pelo sítio. De repente, deu de cara com a galinha famaz.
Ela, diferentemente das demais, mostrando-se sem temor, interagiu com a diversão do pequeno e ganhou-lhe a amizade. Usando de sua sensibilidade infantil, Pedrinho pegou todo o milho e começou a jogá-lo para o alto e a dá-lo no bico de Frederica que os comia sem receios. Outros galináceos se ajuntaram e participaram da divisão do milho.
Depois de muita estripulia, Pedrinho se viu cansado e voltou para junto da mesa onde estavam seus familiares.
- Mãe, eu quero pipoca.
- Meu filho, a pipoca já acabou...
- Mas, mãe, eu quero! eu quero...
- Não há mais.
E o barulho daquele choro ecoou por todo espaço celeste sertanejo. Eu quero, eu quero, eu quero. Dona Augusta, em sua sabedoria de avó, colocou o menino no seu carinho:
- Vem cá pro colinho da vovó...
E com aqueles afagos e carícias, o volume do choro foi diminuindo até ruídos quase inaudíveis. Então, a sábia falou:
- Meu neto, meu tão pequeno neto, aprenda desde já uma coisa pra tua vida: quando acaba o milho, acaba também a pipoca...
Conquista pré-modernista
Tomei nas mãos a linha e a agulha
Transparecendo minha erudição
Tomei o bonded ao café do Cão
E degluti o preto com Carminha
Moçoila mui esbelta e prendada
Que tem por vício o pegar em cabos
Por isso não lhe mando aos diabos
Buscando aproveitar-me da coitada
Mostrando o meu lado animalesco
Tentei tirá-la do grupo das laicas
Nas posições de coito mais prosaicas
Agi num movimento pitoresco
Sugou-me tudo como as esponjas
Num devaneio, quase me exaspero
Demonstrações de seu prazer sincero
Fez tudo que pedi e sem lisonjas
Meu desempenho quase a arrasa
Alegre, mas com um pouco de febre
Sem permutar o bom gato por lebre
Às quatro e quinze, eu bati em casa
Transparecendo minha erudição
Tomei o bonded ao café do Cão
E degluti o preto com Carminha
Moçoila mui esbelta e prendada
Que tem por vício o pegar em cabos
Por isso não lhe mando aos diabos
Buscando aproveitar-me da coitada
Mostrando o meu lado animalesco
Tentei tirá-la do grupo das laicas
Nas posições de coito mais prosaicas
Agi num movimento pitoresco
Sugou-me tudo como as esponjas
Num devaneio, quase me exaspero
Demonstrações de seu prazer sincero
Fez tudo que pedi e sem lisonjas
Meu desempenho quase a arrasa
Alegre, mas com um pouco de febre
Sem permutar o bom gato por lebre
Às quatro e quinze, eu bati em casa
Minha nobre decisão
Olha aquela bucetinha
Tão gordinha e bem raspada
E a dona ainda tinha
A bundinha delicada
Sua pele cor de jambo
Como dizem as cantatas
Eu queria ser seu Rambo
Mas ela não tinha matas
Ela era bem macia
Sua carne ainda insossa
Facilmente eu concluia:
Ela ainda era moça
Os seios pequeninos
Nunca foram apertados
Atiçavam os meninos
E velhinhos aloprados
Quando inteiramento nua
Veio a mim me procurar
Relaxei, olhei pra lua
E tentei me segurar
Sua cara de carente
Excitou o meu bichinho
Consegui usar a mente
E falei-lhe com carinho:
- Minha filhinha querida
Não posso te penetrar
Pois a tua perseguida
Não agüenta a minha pá
Eu tenho uma proposta
E espero que aceite...
Não vire pra mim de costa!
Vou apenas te dar leite...
Tão gordinha e bem raspada
E a dona ainda tinha
A bundinha delicada
Sua pele cor de jambo
Como dizem as cantatas
Eu queria ser seu Rambo
Mas ela não tinha matas
Ela era bem macia
Sua carne ainda insossa
Facilmente eu concluia:
Ela ainda era moça
Os seios pequeninos
Nunca foram apertados
Atiçavam os meninos
E velhinhos aloprados
Quando inteiramento nua
Veio a mim me procurar
Relaxei, olhei pra lua
E tentei me segurar
Sua cara de carente
Excitou o meu bichinho
Consegui usar a mente
E falei-lhe com carinho:
- Minha filhinha querida
Não posso te penetrar
Pois a tua perseguida
Não agüenta a minha pá
Eu tenho uma proposta
E espero que aceite...
Não vire pra mim de costa!
Vou apenas te dar leite...
domingo, maio 15, 2005
Hipocrisia
Alguns me consideram um beato
Por causa dessas marcas nos joelhos
Alguns até escutam meus conselhos
Devido a minha calma e meu recato
Eu vou dizer-lhe o que sou de fato
E assim me vejo ao olhar espelhos
Sou mais promíscuo do que os coelhos
E o erotismo já me é inato
A minha alma é uma carniça
Na qual impera o sangue e o pus
Todas as vezes que vou ouvir missa
Eu nunca fico contemplando a cruz
Só admiro os seios da noviça
E neles vejo meu Senhor Jesus!
Por causa dessas marcas nos joelhos
Alguns até escutam meus conselhos
Devido a minha calma e meu recato
Eu vou dizer-lhe o que sou de fato
E assim me vejo ao olhar espelhos
Sou mais promíscuo do que os coelhos
E o erotismo já me é inato
A minha alma é uma carniça
Na qual impera o sangue e o pus
Todas as vezes que vou ouvir missa
Eu nunca fico contemplando a cruz
Só admiro os seios da noviça
E neles vejo meu Senhor Jesus!
Não comam peixes
De longe avisto dentro de uma chata
A minha doce e linda maruja
Pele mais negra, a roupa toda suja
Assobiando a nossa cantata
Eu não esqueço nunca essa data
Mas eu desejo que ela logo fuja
Alguém me disse como uma coruja
Que estava com o Mal de Minamata
Então, eu fui matar na piracema
Os que mataram o meu coração
Em suas águas cheias de sal-gema
Ainda escuto hoje a canção
Desse seus lábios como num poema
E só maldigo os peixes do Japão!
A minha doce e linda maruja
Pele mais negra, a roupa toda suja
Assobiando a nossa cantata
Eu não esqueço nunca essa data
Mas eu desejo que ela logo fuja
Alguém me disse como uma coruja
Que estava com o Mal de Minamata
Então, eu fui matar na piracema
Os que mataram o meu coração
Em suas águas cheias de sal-gema
Ainda escuto hoje a canção
Desse seus lábios como num poema
E só maldigo os peixes do Japão!
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