Dos amores que a vida tem me dado

Apesar de estar sempre ao teu lado
Também estive ao lado de alguma amiga
Não obstante a aliança no meu dedo
Entrelacei os mesmos dedos noutra mão
E mesmo dando inteiro a ti meu coração
Em outros peitos que eu guardei o meu segredo
Os anos findam e não se morre assim, querida
E te revelo para as tuas amarguras
Que realmente vivi outras aventuras
E nesses anos uma paixão foi escondida
Sabe o café ali na Praça da Cascata?

Eu te confesso que o que sempre me atraía
Não foi o jogo, o xadrez ou o meio-dia
Nem tampouco era o café... Era a mulata!
E aquela preta que aqui em casa trabalhava?
Não ficou pela faxina ou pelo almoço
Até mesmo já me deu arroz insosso
Mas ficou por outra coisa que me dava...
E aquele tempo que era a mais na carga horária?
Se cheguei mesmo algum dia após a janta

Não foi devido à tarefa que era tanta
Te confesso: foi por minha secretária
E as várias vezes na escola que eu fora?
Não foi porque sou um pai muito dedicado
Nem pra saber do nosso filho o resultado
Que me levava até lá? A professora
E aquele dia que me levantei da cama
Dizendo que mamãe era doente?
Ninguém estava em casa - estava ausente.
Adormeci com uma garota de programa

E agora vendo as lágrimas na face
E eu já caduco, moça alguma me deseja
Vou abrir pra nós a última cerveja
E após tudo, só queria que me amasse!