Eu sou gaudério e por isso quando
De manhã cedo, eu parto pra lida
Tomo o mate da minha despedida
Até o ronco do último trago
Pra minha prenda deixo meu afago
E o amor que trago no peito
Posso ser grosso, mas é esse meu jeito
De reviver as coisas do meu pago
Dentro do rancho, pego os pelegos
E já começo a encilhar o pingo
Sinta na cara o vento de domingo
E no frio forte desse minuano
O meu tordilho já sai troteando
Porque le gusta viver na campanha
Como me gusta os tragos de canha
Que sempre tomo com o pai castellano
Nasci gaúcho, fronteiriço e do Rio Grande
Não há quem mande eu campear em outro pago
Porque aqui a tradição é mais antiga
E a cantiga no meu peito ainda trago
Por entre potros e tropéis numa rancheira
Numa chaleira esquentava água de rio
Pegava erva que havia em Livramento
Ainda dentro das campanhas do Brasil
Eu relembrava os tempos de Farroupilha
Pelas coxilhas procurava meu cambicho
E foi assim quando se menos se imagina
Que minha china conheci em um bolicho
Levo bombacha, botas e esporas
Porque assim se vive no galpão
E educar cavalo redomão
É fácil com meus pés roseteados
O pala velho, chapéu tapeado
E o galope ficando ligeiro
Quando acontece do peão campeiro
Chegar no pampa pra cuidar do gado
De longe escuto alguma chamarra
Que na querência era a mais tocada
E dê-lhe boca tocando a boiada
E o “êra boi” já vira um gritedo
O cusco velho não fica com medo
Nem com os gritos desses sapucay
Pois foi às margens do Rio Uruguay
Que educaram forte desde cedo
terça-feira, outubro 16, 2007
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