quinta-feira, outubro 18, 2007

Vagina Paradoxal

Sebastião voltou para casa rindo à-toa. Já tinha amanhecido e nem tinha dado notícias para ninguém. Ignorava, mesmo assim, as milhões de possibilidades de problemas que poderia vir a ter pela ausência de aviso. E outros problemas bem piores do que um grito da mãe ou uma palmada do pai, devido à experiência nova que tinha vivido aquela noite. Sebastião, naquela madrugada de sexta para sábado, tinha tido sua primeira experiência com buceta.

Feliz da vida, chegou em casa, todos dormindo. E se não fosse o timbungar do galão de 20 litros de água, quando enchia seu copo para matar a sede, ninguém saberia que só tinha voltado nesses horários incertos. A mãe preocupada acordou, lhe perguntou onde estava até aquela hora, com quem, coisa de mãe. Ele deu seu jeito de mentir com histórias estranhas que não seriam aceitas como verdade se sua mãe tivesse acordado uma hora antes. O sono confunde bastante a inteligência da gente.

O moço deitou-se na rede, ainda esboçando o riso de não parava. Algumas experiências na vida nos fazem refletir bastante, principalmente aquelas que nos marcam por todo o sempre. Se alguma coisa devia figurar em todos os perfis de orkut no quesito paixões, era ela, a buceta. Ela sim tem algo de apaixonante. Dizem os versos, que quem tem uma viola só chora se quiser. Isso devido a existência de meia dúzia de cordas para agradar uma mulher. Mas a mulher não precisa de viola, e de nenhum outro instrumento musical. Produz a mais suave melodia com as curvas do próprio corpo e com um único adereço dado por Deus consegue prender um homem facilmente.

E essa foi a primeira, de outra tantas vezes, que Sebastião se aprofundaria nesse mistério. Nem tinha tido o contato visual, foi algo muito de momento.Simplesmente, ainda muito menino, quando deu por si, já estava com a moça por cima, e a saia dela lhe tirando a visão. Mas sabia desde já que surgiriam outras oportunidades. De todas elas até hoje, uma lhe atormenta a memória de quando em vez.

O órgão feminino tem sua beleza quando bem conservado. É um deleite aos olhos, aquele chessburguer pequeno, compacto, com tudo muito interno. Ali sim, tem-se vontade de se apertar e encher de beijos. O problema foi que a ausência de contato com o bichinho, estava pertubando mentalmente o garoto. Diante disso, na calada da noite, não hesitou em recorrer ao favores da senhora que passava na rua. Não era nova, nem branca, nem magra. O jovem nunca tinha tido uma relação mais aproximada com alguém assim, mas não achou tarde para aproveitar. Convidou-a gentilmente para que dormissem juntos e ofereceu-se até para pagar a conta integralmente. Sebastião era moço e bem conservado, e decerto a negra estava com um superávit na balança da relação sexual. No entanto, ele não iria deixar tudo assim tão barato, aproveitaria para conhecer tudo que podesse e fodesse, e desde já imagina a infinitude de peripécias que poderia aprontar com aquela que se apresentava para o jogo.

E foi quando a viu deitada, completamente nua, e com as pernas abertas, que teve uma imagem que até hoje não lhe sai da memória. Aquela coisa desejada por tantos, já denominada inclusive de perseguida, devido ao alto número de pretendentes, se mostrava ali horrível e horrenda. Quis culpar os filhos que a coitada já tivera. Sintia uma náusea e nem sequer por um momento pensou em utilizar ali os dotes adquirindo nos oitos anos infantis debaixo do pé de manga da vovó. O vermelho intenso contrastava com o preto da virilha e algo escorria de dentro como uma lágrima sólida de sangue. Nem sabia como pôr aquilo de volta pra dentro, de onde nunca deveria ter saído.

Não agüentou, ordenou que se virasse. Não seria capaz de colocar sua ferramenta de trabalho dentro daquele local maldito. E embora idolatrasse a vulva pueril, que já tivesse inclusive feitos trovas em sua homenagem, aquela não era digna nem de uma cusparada. Pensou rápido. Não podendo ignorar a situação, seu esforço para chegar até ali e o tempo de ausência de um amor genital, achou por bem lhe invadir o sistema digestivo pelo final. E por mais merda que tenha por ali passado, ainda era em estética bem mais aprazível do que aquela imagem que lhe acompanharia os pesadelos de uma vida inteira. Que paradoxo!

Nenhum comentário: