quarta-feira, dezembro 29, 2004

Afirmações filiais

Mãe, plantando lágrimas no jardim
Vejo estrelas encobrindo a noite
E um cometa que se faz açoite
Com seus cristais tristonhos sobre mim

A cor da rosa cinza mata o belo
Na tépida afetação humana
Escória perfumada, a ratasana
Louca cospe o sonho e o anelo

Mamãe, a vida é ave em movimento
Que vai voando verde e varonil
Mais embolando a linha desse fio
Que interrompe no exato momento

Quão fino é este fio, ó minha mãe
Para uns cheio de ódio e podridão
Com alimentos vindos do lixão
Para uns alegria e champagne

Na manhã, na aurora escolhida
Quando o mundo trocar Raquel por Lia
Qando romper o véu da fantasia
Mãe, quando a vida se tornar tardia
Quando explodir no céu a estrela-guia
Vou dizer como Clara disse um dia:
"Mãe, nós não somos nada nesta vida"

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