quarta-feira, dezembro 29, 2004

Poema subterrâneo

Não quero mais saber de céus, de estrelas
De nada que o mundo ache superior
Eu quero as brasas e quero vê-las
Escorrendo em meus olhos, lavando a dor

Quero o fogo, as mágoas e os prantos
Portões trancados com ferrolhos vermelhos
Os gritos das almas perdidas são tantos
Que vejo meu sangue cair de joelhos

As vozes circulam no ar do mistério
Se torna consolo mesmo momentâneo
Formigas e fungos em seu cemitério
Preenchem vazios de idéias de um crânio

Na solidão sem mulheres nem pão
Pecados alheios cossando na vista
Sexo, línguas, drogas, masturbação
E perversidades que entram na lista

Ó jovens poetas ainda indecisos
Rasgem as folhas, os lápis, os ternos
Sede frieza sem choro sem risos
Esqueçais o céu e cantai os infernos

O subterrâneo é o lar da ciência
A mente é a terra eterna e cabal
Escave e descubra a sua essência
Acima do bem e acima do mal!

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