Texto de minha autoria quando mais moço sob o pseudônimo Roberto Cabral
[ p.roney.vila.bol.com.br ]
1.
Sou um velho agricultor
Colho fome e desgraças
E também escrevo versos
Em minhas poucas horas vagas
Versos pobres sem lirismo
Sou do povo estigmata
Povo cheio de abandono
De miséria e de nada
Os meus filhos são doentes
Bem mais vermes do que filhos
Corpo inteiro pesa menos
Que o grande intestino
Os espinhos que eles comem
Deixam-lhes bem mais famintos
As desgraças desta vida
Eles cultivam comigo
Também tenho filhas putas
Frutos podres de mim mesmo
Todas têm uma etiqueta
Indicando os seus preços
Elas moram na cidade
E me tratam com desprezo
Acham que a própria vida
Vale menos que dinheiro
As palhas onde habitamos
São feitas de esqueletos
Cimentadas com miséria
Fortalecida com tempo
Na cozinha só existe
Os espinhos que comemos
E que sempre são salgados
Pelos choros de lamento
Minha vida é privação
Do que é próprio da vida
Isso faz da própria morte
Mais irmã e mais amiga
Eu tomo por meu destino
Morrer um pouco por dia
Pois minha vida é muito fraca
Desnutrida e franzina
2.
Sou um velho agricultor
Minha terra é muito magra
Se plantando nada dá
Só doenças e mais nada
Nós colhemos bactérias
A colheita não tem data
E até antes do plantio
A colheita já se acaba
A chuva que vem do céu
No céu mesmo evapora
Não existe nada verde
É marrom a nossa roça
Nosso mundo é franciscano
É marrom também a horta
Nessa vida de pobreza
Escavamos nossa cova
Não tenho nada de carne
Nem ao mesmo no meu corpo
Esta vida me deixou
Menos homem e mais osso
E até o meu esqueleto
Tornou-se frágil e oco
A magreza se espalhou
E infectou o corpo todo
Sou um pobre aprisionado
Lutando contra o destino
De tirar meu alimento
Deste solo sempre extinto
Mas minhas idéias voam
Mais longe que imagino
Rompem todas as barreiras
E superam interditos
Eu não sou nenhum romântico
Sei que não existe jeito
Nosso mundo é egoísta
Todos querem o governo
As pessoas andam tristes
E trabalham sem sossego
Todos acham que o prazer
Vale menos que dinheiro
[...]
Para ver o final, http://p.roney.vila.bol.com.br/rcvaa.htm ...
sábado, janeiro 29, 2005
Psicopata incompreendido
Texto de minha autoria quando mais moço sob o pseudônimo Roberto Freire Jr.
[ p.roney.vila.bol.com.br ]
Um psicopata lembrou algo
Ele lembrou que a vida pode ter
Cento e vinte anos e nove meses
Mas também pode acabar antes
Que o abrigo da vida se forme
Ele lembrou que quem mata é assassino
Que todos, mesmo sem terem direito
a pão, saúde, educação e um coração vermelho
Deve ter uma chance de arranjar um jeito de sobreviver
Ele lembrou que ninguém é o dono da vida
Nem sua, nem dos filhos, nem de ninguém
E que tirá-la é roubo, furto, crime
Em qualquer circunstância que ocorra
Ele lembrou que a vida é um suicídio diário
E quem não morre também não vive
Nem aproveita o prazer de suicidar-se
De explodir a cada dia como um homem-bomba
Ninguém quis saber disso
Ninguém quis saber de loucuras, sonhos
de um mero psicopata internado
No pior hospício da capital mundial
Se é o que mundo possui capital
Ninguém quis saber que o capital
É o culpado da fome, da preguiça, da TV
Do outono inexistente, do sol mais quente
E da substituição do colorido pelo preto
Ninguém quis saber que um psicopata
Mesmo sendo feio, desdentado e sujo
Também sente necessidade de carinho
E de atenção e também de fazer sexo
Ninguém quis saber que a própria vida
Corria perigo de inexistência
Porque a morte não é mais aceita
E esquecemos de viver pra não morrermos
[ p.roney.vila.bol.com.br ]
Um psicopata lembrou algo
Ele lembrou que a vida pode ter
Cento e vinte anos e nove meses
Mas também pode acabar antes
Que o abrigo da vida se forme
Ele lembrou que quem mata é assassino
Que todos, mesmo sem terem direito
a pão, saúde, educação e um coração vermelho
Deve ter uma chance de arranjar um jeito de sobreviver
Ele lembrou que ninguém é o dono da vida
Nem sua, nem dos filhos, nem de ninguém
E que tirá-la é roubo, furto, crime
Em qualquer circunstância que ocorra
Ele lembrou que a vida é um suicídio diário
E quem não morre também não vive
Nem aproveita o prazer de suicidar-se
De explodir a cada dia como um homem-bomba
Ninguém quis saber disso
Ninguém quis saber de loucuras, sonhos
de um mero psicopata internado
No pior hospício da capital mundial
Se é o que mundo possui capital
Ninguém quis saber que o capital
É o culpado da fome, da preguiça, da TV
Do outono inexistente, do sol mais quente
E da substituição do colorido pelo preto
Ninguém quis saber que um psicopata
Mesmo sendo feio, desdentado e sujo
Também sente necessidade de carinho
E de atenção e também de fazer sexo
Ninguém quis saber que a própria vida
Corria perigo de inexistência
Porque a morte não é mais aceita
E esquecemos de viver pra não morrermos
Com licença, professor
Texto de minha autoria quando mais moço
[ http://p.roney.vila.bol.com.br ]
Eu sou um aluno cearense do ensino médio
Mas não me preocupo com as provas
Nem com vestibular, concursos e notas
O que acho importante é passar de ano
Para não ter que agüentar por mais doze meses
Colégio, chatices e aluno burgueses
Sentar na carteira escolar de sempre
Desprezar os professores, meditar problemas
E soluções e sonhos e fazer poemas
Não agüento mais meninas amostrando
Que sabem algo que pra mim é nada
Que se acham popstars vestindo farda
Queria ser amigo de uma moça forte
Que aos quinze anos à luz da lamparina
Escreve um romance da seca nordestina
Queria ser amigo de um compositor
De um mero rapaz latino-americano
Com sonhos, com sangue, com planos
Queria ser amigo de um menino doido
Que não agüenta mais matérias escolares
E que prefere beber Rum Maré nos bares
Não queria ter amigo nenhum
Queria vagar sozinho e descalço nas praia
Vendo meninas usando longas saias
Queria, ao menos por um momento, ter o dom
De de saber que ninguém manda em nada nem em mim
E sentir o cheiro da morte qual jardim
Eu queria somente ter ao meu lado o vago,
A inexistência de tudo, do sangue, do corte,
Da ferida sem cicatriz revelando a morte
Tenho tempo, capacidade, força, tudo
Eu queria fazer algo pelo mundo
Mas sou um mero aluno cearense e vagabundo
[ http://p.roney.vila.bol.com.br ]
Eu sou um aluno cearense do ensino médio
Mas não me preocupo com as provas
Nem com vestibular, concursos e notas
O que acho importante é passar de ano
Para não ter que agüentar por mais doze meses
Colégio, chatices e aluno burgueses
Sentar na carteira escolar de sempre
Desprezar os professores, meditar problemas
E soluções e sonhos e fazer poemas
Não agüento mais meninas amostrando
Que sabem algo que pra mim é nada
Que se acham popstars vestindo farda
Queria ser amigo de uma moça forte
Que aos quinze anos à luz da lamparina
Escreve um romance da seca nordestina
Queria ser amigo de um compositor
De um mero rapaz latino-americano
Com sonhos, com sangue, com planos
Queria ser amigo de um menino doido
Que não agüenta mais matérias escolares
E que prefere beber Rum Maré nos bares
Não queria ter amigo nenhum
Queria vagar sozinho e descalço nas praia
Vendo meninas usando longas saias
Queria, ao menos por um momento, ter o dom
De de saber que ninguém manda em nada nem em mim
E sentir o cheiro da morte qual jardim
Eu queria somente ter ao meu lado o vago,
A inexistência de tudo, do sangue, do corte,
Da ferida sem cicatriz revelando a morte
Tenho tempo, capacidade, força, tudo
Eu queria fazer algo pelo mundo
Mas sou um mero aluno cearense e vagabundo
Jardins encantados
Texto de minha autoria quando mais moço sob o pseudônimo João Roberto
[ p.roney.vila.bol.com.br ]
Quero ser um ser interno
De mente inviolável e estranha
Que faz o bem e nada ganha
E fala de um viver eterno
Que vaga sozinho e calado
Dentro da própria alma
E descobre a fonte da calma,
Da paz que é o Bem-amado
Amem-se internamente
No silêncio, sintam o Deus
Que está dentro dos seus
Melhores desejos da mentes
Desejo de acabar com o giz,
Com a álgebra e com os governos
Que não conseguem manter-nos
Sem autoritarismo infeliz
Desejo de amar ao menino
Descalço, de roupas rasgadas,
E às prostitutas coitadas
Que vivem ser ter um destino
Desejo de fraternidade
Sem perder amizade consigo
De sempre se ter como amigo
E buscar a interna verdade
Desejo de colher margaridas
Caminhar em jardins encantados
De sonho, de paz, inventados
Para acalmar nossas vidas
Ah! Quem dera que fosse
Minha vida este vivo jardim
Habitando aqui dentro de mim
Como o sentimento mais doce
Mas o mundo não quer a loucura
De viver a amar as pessoas
De pensar em coisas tão boas
Como paz, alegria e ternura
[ p.roney.vila.bol.com.br ]
Quero ser um ser interno
De mente inviolável e estranha
Que faz o bem e nada ganha
E fala de um viver eterno
Que vaga sozinho e calado
Dentro da própria alma
E descobre a fonte da calma,
Da paz que é o Bem-amado
Amem-se internamente
No silêncio, sintam o Deus
Que está dentro dos seus
Melhores desejos da mentes
Desejo de acabar com o giz,
Com a álgebra e com os governos
Que não conseguem manter-nos
Sem autoritarismo infeliz
Desejo de amar ao menino
Descalço, de roupas rasgadas,
E às prostitutas coitadas
Que vivem ser ter um destino
Desejo de fraternidade
Sem perder amizade consigo
De sempre se ter como amigo
E buscar a interna verdade
Desejo de colher margaridas
Caminhar em jardins encantados
De sonho, de paz, inventados
Para acalmar nossas vidas
Ah! Quem dera que fosse
Minha vida este vivo jardim
Habitando aqui dentro de mim
Como o sentimento mais doce
Mas o mundo não quer a loucura
De viver a amar as pessoas
De pensar em coisas tão boas
Como paz, alegria e ternura
A última das últimas lembranças
O velho historiento ainda sonha
Com sua juventude maroteira
Quando as maxubas de sua parceira
Eram seios mais firmes que pamonha
Já mais adulto, usava sua fronha
Para esconder a produção inteira
E logo à noite ele ia à feira
Todo janota pra vender maconha
Enquanto o chamam de velho mazorro
A propedêutica das vidas mansas
Ensina a calma diante do esporro
A espurcícia quer entrar nas danças
Por isso marta agora o cachorro
A última das últimas lembranças...
Com sua juventude maroteira
Quando as maxubas de sua parceira
Eram seios mais firmes que pamonha
Já mais adulto, usava sua fronha
Para esconder a produção inteira
E logo à noite ele ia à feira
Todo janota pra vender maconha
Enquanto o chamam de velho mazorro
A propedêutica das vidas mansas
Ensina a calma diante do esporro
A espurcícia quer entrar nas danças
Por isso marta agora o cachorro
A última das últimas lembranças...
quinta-feira, janeiro 27, 2005
Psicologia de um vencido
Texto de autoria de Augusto dos Anjos, "papa" dos intelectualmente marginalizados
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue das carnificnas
Come e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue das carnificnas
Come e à vida em geral declara guerra,
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Acrobata da dor
Texto de autoria de Cruz e Sousa, poeta brasileiro filho de escravos
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
Como um palhaço, que desengonçado,
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado,
De uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos, e convulsionado
Salta gavroche, salta clown, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta...
Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
Nessas macabras piruetas d'aço...
E embora caias sobre o chão, fremente,
Afogado em teu sangue estuoso e quente
Ri! Coração, tristíssimo palhaço.
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
Como um palhaço, que desengonçado,
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado,
De uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
Agita os guizos, e convulsionado
Salta gavroche, salta clown, varado
Pelo estertor dessa agonia lenta...
Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
Nessas macabras piruetas d'aço...
E embora caias sobre o chão, fremente,
Afogado em teu sangue estuoso e quente
Ri! Coração, tristíssimo palhaço.
Visão de mundo de Cesário
Texto de autoria de Cesário Verde, "um camponês que andava preso em liberdade"
O mundo é velho cena ensanguentada,
Coberta de remendos, picaresca;
A vida é chula farsa assobiada,
Ou selvagem tragédia romanesca.
Eu sei um bom rapaz - hoje uma ossada -
Que amava certa dama pedantesca,
Perversíssima, esquálida e chagada,
Mas cheia de jactância quixotesca.
Aos domingos a deia já rugosa,
Concedia-lhe o braço, com preguiça,
E o dengue, em atitude receosa,
Na sujeição canina mais submissa,
Levava na tremente mão nervosa,
O livro com que a amante ia ouvir missa!
O mundo é velho cena ensanguentada,
Coberta de remendos, picaresca;
A vida é chula farsa assobiada,
Ou selvagem tragédia romanesca.
Eu sei um bom rapaz - hoje uma ossada -
Que amava certa dama pedantesca,
Perversíssima, esquálida e chagada,
Mas cheia de jactância quixotesca.
Aos domingos a deia já rugosa,
Concedia-lhe o braço, com preguiça,
E o dengue, em atitude receosa,
Na sujeição canina mais submissa,
Levava na tremente mão nervosa,
O livro com que a amante ia ouvir missa!
Soneto Satírico
Texto de autoria de Manuel Maria du Bocage, poeta árcade polêmico
Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles que não fazem falta,
Verbi-gratia - o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade.
Não quero funeral comunidade,
Que engrole sub-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade.
Mas quando ferrugente enxada idosa
Supulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavra-me este epitáfio mão piedosa:
"Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."
Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles que não fazem falta,
Verbi-gratia - o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade.
Não quero funeral comunidade,
Que engrole sub-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade.
Mas quando ferrugente enxada idosa
Supulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavra-me este epitáfio mão piedosa:
"Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."
Triste Bahia
Texto de autoria de Gregório de Matos, poeta conhecido como Boca do Inferno
A cada canto um grande conselheiro
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem freqüente olheiro
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia,
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres
E eis aqui a cidade da Bahia.
A cada canto um grande conselheiro
Que nos quer governar cabana e vinha;
Não sabem governar sua cozinha
E podem governar o mundo inteiro.
Em cada porta um bem freqüente olheiro
Que a vida do vizinho e da vizinha
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha
Para o levar à praça e ao terreiro.
Muitos mulatos desavergonhados,
Trazidos sob os pés os homens nobres,
Posta nas palmas toda a picardia,
Estupendas usuras nos mercados,
Todos os que não furtam muito pobres
E eis aqui a cidade da Bahia.
quarta-feira, janeiro 26, 2005
Confissão do bom ladrão
Um pardacento e sua hipersemia
Postas nas mãos a sua eloqüência
Ludibriavam povos com ausência
De neurônios por craniectomia
A populaça ignorante cria
Nas tais promessas da incoerência
Já desmentidas pela Mãe-Ciência
Arquiinimiga da antropolatria
Espicilégios de milagres falsos
Para imbeles, ilusos e tolos
No fidalguesco pio livro sagrado
Eu os roubei e não deixei encalços
Melhor servem, eu já notei, se pô-los
Para limpeza da escória do gado
Postas nas mãos a sua eloqüência
Ludibriavam povos com ausência
De neurônios por craniectomia
A populaça ignorante cria
Nas tais promessas da incoerência
Já desmentidas pela Mãe-Ciência
Arquiinimiga da antropolatria
Espicilégios de milagres falsos
Para imbeles, ilusos e tolos
No fidalguesco pio livro sagrado
Eu os roubei e não deixei encalços
Melhor servem, eu já notei, se pô-los
Para limpeza da escória do gado
sábado, janeiro 15, 2005
Minha visão do mundo
O padre passa a vida enganado
E ao fim de tudo morde o cianeto
O polonês judeu está o gueto
E o fazendeiro está olhando o gado
O pródigo em seu leito arrependido
Das putas que comeu em noites vãs
Rogando a Deus que bote em seus afãs
A salvação da alma do fodido
Prefeitos que roubam e não são presos
A fome da criança em um reclame
A doce cobardia da madame
Cagando com seus cigarros acesos
Latrinas d’ouro, amores de prata
Os valores desse mundo moderno
Os santos desrespeitando o inferno
E o Satã chupa a ... da gata
Fresquinhos e modelos fazem moda
A lágrima, o sorriso, o tudo, o nada
O Deus, o Diabo, o vadia, a fada...
O mundo é podre e tudo isso é foda!
E ao fim de tudo morde o cianeto
O polonês judeu está o gueto
E o fazendeiro está olhando o gado
O pródigo em seu leito arrependido
Das putas que comeu em noites vãs
Rogando a Deus que bote em seus afãs
A salvação da alma do fodido
Prefeitos que roubam e não são presos
A fome da criança em um reclame
A doce cobardia da madame
Cagando com seus cigarros acesos
Latrinas d’ouro, amores de prata
Os valores desse mundo moderno
Os santos desrespeitando o inferno
E o Satã chupa a ... da gata
Fresquinhos e modelos fazem moda
A lágrima, o sorriso, o tudo, o nada
O Deus, o Diabo, o vadia, a fada...
O mundo é podre e tudo isso é foda!
Epístola à minha amada
Guria dos sonhos meus,
Você é Deusa-rainha
Dos contos da carochinha
A bonequinha de Deus
Por isso, tome cuidado
A malandragem planeja
Te colocar na bandeja
E te entregar prum safado
Falando a bem da verdade
Num tal coluio no bar
Falavam em te roubar
A pueril virgindade
Os lobos que te espreitam
Transformam com jactância
Um bom jardim de infância
Num cabaré e aproveitam
Não sou um pactuário
Desses malditos labregos
Pois são piores que os gregos
E me fizeram de otário
Nesta manhã tão bonita
Eu deixo esse recado
Cuidado, muito cuidado
Com sua sã periquita
Desse ninguém te merece
Foge de qualquer malaca
Se precisar, use a faca.
Garoto que te apetece.
Você é Deusa-rainha
Dos contos da carochinha
A bonequinha de Deus
Por isso, tome cuidado
A malandragem planeja
Te colocar na bandeja
E te entregar prum safado
Falando a bem da verdade
Num tal coluio no bar
Falavam em te roubar
A pueril virgindade
Os lobos que te espreitam
Transformam com jactância
Um bom jardim de infância
Num cabaré e aproveitam
Não sou um pactuário
Desses malditos labregos
Pois são piores que os gregos
E me fizeram de otário
Nesta manhã tão bonita
Eu deixo esse recado
Cuidado, muito cuidado
Com sua sã periquita
Desse ninguém te merece
Foge de qualquer malaca
Se precisar, use a faca.
Garoto que te apetece.
Afasta os lobos quem cerca o curral...
O zeloso pastor cuida do gado
E de lá ele tira seu sustento
Mas temendo que vire alimento
De um lobo esperto e mal-falado
Colocar os bichos num quadrado
De altura tremenda e pouco fina
Com o tronco de um pé de tangerina
Tentou salvar seu gado desse mal
Afasta os lobos quem cerca o curral
Mas esquece as aves de rapina
Um morador com medo das enchentes
Reforçou nas paredes o concreto
Deixou quase a largura de um metro
Tudo pra proteger os seus parentes
Os habitantes da casa tão contentes
Esqueceram o forro e a longarina
E a chuva veio por tamina
Destruindo as telhas do quintal
Afasta os lobos quem cerca o curral
Mas esquece as aves de rapina
A família temendo os ladrões
Colocou travas, grades, cadeados
Ao redor da casa, dez soldados
Vigiam a porta e os portões
Mas ouvindo as salvas de canhões
Para guerra partiram, para a sina
E avistaram do alto da colina
Uma bomba cair na casa tal
Afasta os lobos quem cerca o curral
Mas esquece as aves de rapina
Homem rico vivia solitário
Para que outros homens não tomassem
Seu dinheiro suado e gastassem
Nessas festas inúteis seu salário
Mas caindo feito um otário
Na graça da conquista feminina
Doou de mãos beijadas à menina
Toda a sua receita anual
Afasta os lobos quem cerca o curral
Mas esquece as aves de rapina
E de lá ele tira seu sustento
Mas temendo que vire alimento
De um lobo esperto e mal-falado
Colocar os bichos num quadrado
De altura tremenda e pouco fina
Com o tronco de um pé de tangerina
Tentou salvar seu gado desse mal
Afasta os lobos quem cerca o curral
Mas esquece as aves de rapina
Um morador com medo das enchentes
Reforçou nas paredes o concreto
Deixou quase a largura de um metro
Tudo pra proteger os seus parentes
Os habitantes da casa tão contentes
Esqueceram o forro e a longarina
E a chuva veio por tamina
Destruindo as telhas do quintal
Afasta os lobos quem cerca o curral
Mas esquece as aves de rapina
A família temendo os ladrões
Colocou travas, grades, cadeados
Ao redor da casa, dez soldados
Vigiam a porta e os portões
Mas ouvindo as salvas de canhões
Para guerra partiram, para a sina
E avistaram do alto da colina
Uma bomba cair na casa tal
Afasta os lobos quem cerca o curral
Mas esquece as aves de rapina
Homem rico vivia solitário
Para que outros homens não tomassem
Seu dinheiro suado e gastassem
Nessas festas inúteis seu salário
Mas caindo feito um otário
Na graça da conquista feminina
Doou de mãos beijadas à menina
Toda a sua receita anual
Afasta os lobos quem cerca o curral
Mas esquece as aves de rapina
Verdades em bordéis
Caveiras apagadas em meu quarto
Lêem a Bíblia já rasgada de meu pai
Os democratas logo no primeiro parto
Abortam tábuas sobre o monte Sinai
Se os gigabytes vêm apavorar profetas
E Alan Kardec reencarna um ditador
Sangrando lágrimas por eleições diretas
Meus dedos podres têm estigmas de flor
Do meu Saara jorra leite com Nescau
Na amargura esfaqueada pelo pó
Até narcóticos suíços no natal
Matam o trato que Labão fez com Jacó
Caras pintadas não resolvem o problema
Poesia práxis é lixo pro concreto
É dessa seiva que nos corre no xilema
Que sugaremos as razões do alfabeto
Não sei dizer
O que eu fui, o que eu sou
Não sei porque
Petróleo se confunde com amor
As mentes submersas nos carbonos
Queimam os pregos que nos prendiam à cruz
As rochas cinzas rompem os seus sonos
E recomeçam o ciclo dos risos azuis
Fadas de botas evaporam no prazer
Com as verdades estampadas nos bordéis
Roubando terços de velhas em Lisieux
São estuprados ao redor de cem mil réis
Sob óculos e lentes de contato
Há indivíduos que não gostam de Moisés
As maquiagens não escondem o fato
As almas vivas gozam ao lavar os pés
Deformando os relógios digitais
O congresso se transforma em altar
Almejando orgasmos e algo mais
Os vagabundos passam no vestibular
Lêem a Bíblia já rasgada de meu pai
Os democratas logo no primeiro parto
Abortam tábuas sobre o monte Sinai
Se os gigabytes vêm apavorar profetas
E Alan Kardec reencarna um ditador
Sangrando lágrimas por eleições diretas
Meus dedos podres têm estigmas de flor
Do meu Saara jorra leite com Nescau
Na amargura esfaqueada pelo pó
Até narcóticos suíços no natal
Matam o trato que Labão fez com Jacó
Caras pintadas não resolvem o problema
Poesia práxis é lixo pro concreto
É dessa seiva que nos corre no xilema
Que sugaremos as razões do alfabeto
Não sei dizer
O que eu fui, o que eu sou
Não sei porque
Petróleo se confunde com amor
As mentes submersas nos carbonos
Queimam os pregos que nos prendiam à cruz
As rochas cinzas rompem os seus sonos
E recomeçam o ciclo dos risos azuis
Fadas de botas evaporam no prazer
Com as verdades estampadas nos bordéis
Roubando terços de velhas em Lisieux
São estuprados ao redor de cem mil réis
Sob óculos e lentes de contato
Há indivíduos que não gostam de Moisés
As maquiagens não escondem o fato
As almas vivas gozam ao lavar os pés
Deformando os relógios digitais
O congresso se transforma em altar
Almejando orgasmos e algo mais
Os vagabundos passam no vestibular
Luftwaffe
A porta abre. A luz penetra na casa
De aviadores, senhores amigos
O peito ferve, o sangue em brasa
Abate milhares de sujos perigos
No caderno cheio de histórias
Cabelos brancos, palavras e caças
Refazem os feitos, cospem escórias
Aceitam bolos, refrigerantes e massas
As senhoritas espertas os modos mantém
Apertos de mão doces, suaves
Entre purgantes procuram o bem
Achando anfíbios em meio a aves
O céu? O lugar perfeito, o lar
Onde estão travesseiros de estado
Consola por vezes guerreiros do ar
Mesmo esse tendo por fantasia, o soldado
Em cima da mesa, fizemos as somas
De tantas batalhas que deixou o vento
Olhando estrelas, fazendo idiomas
A lágrima escorre num triz de lamento
Objetos voadores ocultos por vezes
Neste calendário de sóis e de luas
Passeando sozinho por dentro dos meses
Cantam a canção com as cordas suas
Ao final de tudo, ao fim dos confrontos
Espero que nada esse som abafe
Mas sei tudo isso resulta em (dois-pontos)
A nossa querida eterna Luftwaffe
De aviadores, senhores amigos
O peito ferve, o sangue em brasa
Abate milhares de sujos perigos
No caderno cheio de histórias
Cabelos brancos, palavras e caças
Refazem os feitos, cospem escórias
Aceitam bolos, refrigerantes e massas
As senhoritas espertas os modos mantém
Apertos de mão doces, suaves
Entre purgantes procuram o bem
Achando anfíbios em meio a aves
O céu? O lugar perfeito, o lar
Onde estão travesseiros de estado
Consola por vezes guerreiros do ar
Mesmo esse tendo por fantasia, o soldado
Em cima da mesa, fizemos as somas
De tantas batalhas que deixou o vento
Olhando estrelas, fazendo idiomas
A lágrima escorre num triz de lamento
Objetos voadores ocultos por vezes
Neste calendário de sóis e de luas
Passeando sozinho por dentro dos meses
Cantam a canção com as cordas suas
Ao final de tudo, ao fim dos confrontos
Espero que nada esse som abafe
Mas sei tudo isso resulta em (dois-pontos)
A nossa querida eterna Luftwaffe
Meu apocalipse escolar
E desce do céu um dragão com duas asas fortes
Uma coroa de três estrelas sobre cada uma delas
Sob os pés duas ilhas desertas
E a saliva de sua ignorância as cercando por todos os lados
Suas sete mãos tentam calar as trombetas
O sopro dos anjos não é um tornado...
Mas quando um Sol soar nas trombetas
Queimando os dedos do grande dragão
Mas quando o leite sair dessas tetas
Da grande mulher, liberdade... O verão
Voltará a brilhar, se jogar no viveiro
E os pássaros todos poderão gorjear
Por cima do templo, o dia inteiro
Como uma panda novinha a brincar.
Mesmo se a trombeta se tornar violão
E a auréola cair sobre a chama do mal
A voz dessa guerra, o rugir do canhão
Não superará o grito angelical.
Uma coroa de três estrelas sobre cada uma delas
Sob os pés duas ilhas desertas
E a saliva de sua ignorância as cercando por todos os lados
Suas sete mãos tentam calar as trombetas
O sopro dos anjos não é um tornado...
Mas quando um Sol soar nas trombetas
Queimando os dedos do grande dragão
Mas quando o leite sair dessas tetas
Da grande mulher, liberdade... O verão
Voltará a brilhar, se jogar no viveiro
E os pássaros todos poderão gorjear
Por cima do templo, o dia inteiro
Como uma panda novinha a brincar.
Mesmo se a trombeta se tornar violão
E a auréola cair sobre a chama do mal
A voz dessa guerra, o rugir do canhão
Não superará o grito angelical.
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