quinta-feira, janeiro 27, 2005

Soneto Satírico

Texto de autoria de Manuel Maria du Bocage, poeta árcade polêmico

Lá quando em mim perder a humanidade
Mais um daqueles que não fazem falta,
Verbi-gratia - o teólogo, o peralta,
Algum duque, ou marquês, ou conde, ou frade.

Não quero funeral comunidade,
Que engrole sub-venites em voz alta;
Pingados gatarrões, gente de malta,
Eu também vos dispenso a caridade.

Mas quando ferrugente enxada idosa
Supulcro me cavar em ermo outeiro,
Lavra-me este epitáfio mão piedosa:

"Aqui dorme Bocage, o putanheiro;
Passou vida folgada e milagrosa:
Comeu, bebeu, fodeu sem ter dinheiro."

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