Texto de minha autoria quando mais moço sob o pseudônimo Roberto Freire Jr.
[ p.roney.vila.bol.com.br ]
Um psicopata lembrou algo
Ele lembrou que a vida pode ter
Cento e vinte anos e nove meses
Mas também pode acabar antes
Que o abrigo da vida se forme
Ele lembrou que quem mata é assassino
Que todos, mesmo sem terem direito
a pão, saúde, educação e um coração vermelho
Deve ter uma chance de arranjar um jeito de sobreviver
Ele lembrou que ninguém é o dono da vida
Nem sua, nem dos filhos, nem de ninguém
E que tirá-la é roubo, furto, crime
Em qualquer circunstância que ocorra
Ele lembrou que a vida é um suicídio diário
E quem não morre também não vive
Nem aproveita o prazer de suicidar-se
De explodir a cada dia como um homem-bomba
Ninguém quis saber disso
Ninguém quis saber de loucuras, sonhos
de um mero psicopata internado
No pior hospício da capital mundial
Se é o que mundo possui capital
Ninguém quis saber que o capital
É o culpado da fome, da preguiça, da TV
Do outono inexistente, do sol mais quente
E da substituição do colorido pelo preto
Ninguém quis saber que um psicopata
Mesmo sendo feio, desdentado e sujo
Também sente necessidade de carinho
E de atenção e também de fazer sexo
Ninguém quis saber que a própria vida
Corria perigo de inexistência
Porque a morte não é mais aceita
E esquecemos de viver pra não morrermos
sábado, janeiro 29, 2005
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