sábado, janeiro 15, 2005

Verdades em bordéis

Caveiras apagadas em meu quarto
Lêem a Bíblia já rasgada de meu pai
Os democratas logo no primeiro parto
Abortam tábuas sobre o monte Sinai
Se os gigabytes vêm apavorar profetas
E Alan Kardec reencarna um ditador
Sangrando lágrimas por eleições diretas
Meus dedos podres têm estigmas de flor
Do meu Saara jorra leite com Nescau
Na amargura esfaqueada pelo pó
Até narcóticos suíços no natal
Matam o trato que Labão fez com Jacó
Caras pintadas não resolvem o problema
Poesia práxis é lixo pro concreto
É dessa seiva que nos corre no xilema
Que sugaremos as razões do alfabeto

Não sei dizer
O que eu fui, o que eu sou
Não sei porque
Petróleo se confunde com amor

As mentes submersas nos carbonos
Queimam os pregos que nos prendiam à cruz
As rochas cinzas rompem os seus sonos
E recomeçam o ciclo dos risos azuis
Fadas de botas evaporam no prazer
Com as verdades estampadas nos bordéis
Roubando terços de velhas em Lisieux
São estuprados ao redor de cem mil réis
Sob óculos e lentes de contato
Há indivíduos que não gostam de Moisés
As maquiagens não escondem o fato
As almas vivas gozam ao lavar os pés
Deformando os relógios digitais
O congresso se transforma em altar
Almejando orgasmos e algo mais
Os vagabundos passam no vestibular

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