sábado, janeiro 29, 2005

Com licença, professor

Texto de minha autoria quando mais moço
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Eu sou um aluno cearense do ensino médio
Mas não me preocupo com as provas
Nem com vestibular, concursos e notas

O que acho importante é passar de ano
Para não ter que agüentar por mais doze meses
Colégio, chatices e aluno burgueses

Sentar na carteira escolar de sempre
Desprezar os professores, meditar problemas
E soluções e sonhos e fazer poemas

Não agüento mais meninas amostrando
Que sabem algo que pra mim é nada
Que se acham popstars vestindo farda

Queria ser amigo de uma moça forte
Que aos quinze anos à luz da lamparina
Escreve um romance da seca nordestina

Queria ser amigo de um compositor
De um mero rapaz latino-americano
Com sonhos, com sangue, com planos

Queria ser amigo de um menino doido
Que não agüenta mais matérias escolares
E que prefere beber Rum Maré nos bares

Não queria ter amigo nenhum
Queria vagar sozinho e descalço nas praia
Vendo meninas usando longas saias

Queria, ao menos por um momento, ter o dom
De de saber que ninguém manda em nada nem em mim
E sentir o cheiro da morte qual jardim

Eu queria somente ter ao meu lado o vago,
A inexistência de tudo, do sangue, do corte,
Da ferida sem cicatriz revelando a morte

Tenho tempo, capacidade, força, tudo
Eu queria fazer algo pelo mundo
Mas sou um mero aluno cearense e vagabundo

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